Tenho visto muitos debates até agressivos, causando a maior confusão na mente de muita gente sincera a Deus e por isso sido indagado sobre esses temas tão polêmicos. De fato, não é fácil num espaço tão pequeno tratar o assunto. Mas quero dar uma luz para que pelo menos algumas pessoas, possam ter uma visão ampla do assunto e saber pesquisar mais.
No final eu deixo a minha opinião pessoal.
O primeiro argumento defendido com unhas e dentes pelos contrários ao pagamento do dízimo pela Igreja, é que não tem no Novo Testamento um texto ordenando o pagamento do dízimo como no Antigo Testamento. Isso é meia verdade. Não temos nenhum texto nem ordenando e nem condenando ou afirmando que isso não vale mais. Mas não é esta a visão correta e a solução do problema. Senão vejamos. Os discípulos de Jesus Cristo, guardaram o sábado, conforme o Novo Testamento: “(...) E, no sábado, descansaram, segundo o mandamento”. (Lucas 23:56b). As discípulas, e naturalmente os apóstolos, embora sendo a Igreja, como judeus que eram, (Mateus 16:18) guardaram o sábado. E vem a pergunta: Tem a Igreja que guardar o sábado? Tanto o dízimo como o sábado, precisam ser entendidos dentro da visão do Reino de Deus.
1.A LEI E O REINO DE DEUS.
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O problema está em que muita gente que acredita saber o que é, tem uma visão muito pequeno sobre o Reino de Deus. Usam a forma legalista, própria da Lei de Moisés. Você tem que fazer isso se não é castigado, ou não faço isso porque não tem ordem explícita. Eu não pago o dízimo porque não tem no Novo Testamento. Isso é o espírito da lei mosaica. O judeu fazia (ou tentava fazer) o que era obrigado pela força da Lei. E mais nada.
Aliás, muitos pregadores julgam que o reino de Deus é uma lei melhorada. Está no Antigo e tem que estar no Novo Testamento para valer. O Reino de Deus é incomparavelmente maior e superior à Lei de Moisés. Quando Jesus ensinou os evangelhos, Ele pregou dentro da visão do Reino de Deus: “(...) se alguém não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus” (João 3:3b). “...Jesus...pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele” (Lucas 8:1).
E foi assim que Jesus começou a mostrar a amplitude espiritual trazida pela mensagem do reino em comparação com a Lei:
“Ouvistes o que foi dito: (Mateus 5:28-48)
2.LEI DE MOISÉS (REINO DE DEUS)
Não cometerás adultério (Olhar para uma mulher com intenção impura, já cometeu adultério com ela).
Dar carta de divórcio à mulher ( Se não for por fornicação, o novo casamento será um novo adultério).
Cumpra o teu juramento (Não jure por nada. Diga sim, sim; não, não).
Olho por olho, dente por dente (Se te ferir na face direita, oferece também a outra).
Ama o próximo e odeia o inimigo (Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem).
É dentro desta visão totalmente nova, e superior “se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus”. (Hebreus 7:19b), que devemos compreender o dízimo, o sábado e tudo o mais.
3.JESUS E O DÍZIMO
“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mas importantes da Lei; a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas”. (Mateus 23:23).
4.O REINO DE DEUS E O DÍZIMO
O dízimo, vem do hebraico “ma‘aser” e do grego “dekate” e significa “a décima parte”.
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Assim, embora o dízimo seja anterior a Lei de Moisés, porque foi dado amorosamente por Abraão pelo menos 400 anos antes, a Lei exigia os dez por cento. E no Reino de Deus? Para você compreender o Reino, precisa conhecer suas leis, os fundamentos dos apóstolos e profetas (Efésios 2:20) e seus princípios. Sem isso sua visão será minúscula do Reino de Deus. Um princípio fundamenta é o quinto pilar ou verdade do Verdadeiro Evangelho de Jesus Cristo: “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14:33). E foi isso que Jesus ensinou. O jovem rico cumpria todos os mandamentos. Mas o que Jesus exigiu dele, para ser um discípulo? “Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres e terás um tesouro no céu; e, vem, e segue-me”. (Mateus 19:21). Jesus não exigiu dez por cento, mas cem por cento. No Reino de Deus, dar o dízimo é pouco. Jesus tem que ser Senhor de tudo o que você tem e é. Ele pode te dar tudo e te tirar tudo também. O apóstolo Paulo aprendeu bem isso: “Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez”. (Filipenses 4:12). A Igreja de Atos entendeu essa visão: “Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade” (Atos 2:45). Os primeiros cristãos longe dos dez por centos, entregaram cem por cento. Jesus era o Dono de tudo o que tinham. Isso não é uma norma, mas é fruto do entendimento e da visão que se alcança sobre o Reino de Deus.
5.A IGREJA DE ATOS, O DÍZIMO E O NOVO TESTAMENTO
Aqui é preciso um certo cuidado. A igreja foi (e é) formada por judeus e gentios (os demais povos). “a saber, que os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”. (Efésios 3:6).
Quando os gentios começaram a se converter, e a parte dos gentios da Igreja se formava, o Concílio de Jerusalém, conforme Atos 15:28-29, que aconteceu no ano 50 depois de Cristo, decidiu não impor nenhuma observância da lei sobre eles, que nada disso conheciam e seria um obstáculo para sua conversão, exceto, as questões que envolviam idolatria e pecados sexuais.
Mas e a parte judaica da Igreja do Senhor, pagava o dízimo do Senhor? Os judeus pagavam o dízimo já há milhares de anos. Será que teriam deixado de ser dizimistas assim, num piscar de olhos? Vamos às Escrituras do Novo Testamento.
“Aliás, aqui são homens mortais os que recebem dízimos...” (Hebreus 7:8a)
O verbo grego “lambano”, aqui traduzido por “recebem” e “tomam” em outras traduções em português, indica o momento exato em que o Autor Sagrado escrevia a Carta aos hebreus (judeus) convertidos a Cristo que faziam parte da Igreja na Itália (Hebreus 13:24) e que tinham familiaridade com o Antigo Testamento. O verbo está no tempo presente do indicativo, que é usado quando se deseja retratar um fato ocorrido no momento da fala, também chamado de “presente momentâneo”. O Autor escreve o fato que estava acontecendo na Igreja, na parte dos judeus. O Concílio de Jerusalém aconteceu no ano 50, 20 anos após a fundação da Igreja; a Carta aos Hebreus foi escrita no ano 68 (conforme muitos exegetas), o que significa dizer que os cristãos judeus já pagavam o dízimo do Senhor por pelo menos 38 anos de existência da Igreja do Senhor na Terra. É um fato impressionante.
E afirmar que a Igreja nunca pagou o dízimo e que não tem registro no Novo Testamento, é pura ignorância da Palavra de Deus.
6.O APÓSTOLO PAULO E O DIZIMO
Achei muito engraçado um comentário que dizia que o apóstolo era um bom exemplo de que pagar o dízimo não era garantia de prosperidade para ninguém, porque ele havia passado fome e necessidade. Bom, vamos ter que resolver um problema. Se Paulo pagava o dízimo, quando passou fome e necessidades financeiras, de fato não adiantou nada pagar o dízimo. Mas, prova que ele pagava o dízimo no Novo Testamento. Se ele não pagava o dízimo, quando passou por tudo isso, não teria problemas, porque a bênção prometida é para o dizimista e não para quem não paga o dízimo. Qual você acha que está certa?
Nenhuma. A resposta é visão correta e profunda do Reino de Deus. Atos dos apóstolos termina falando do ministério do apóstolo Paulo: “Por dois anos, permaneceu Paulo na sua própria casa, que alugara, onde recebia todos que o procuravam, pregando o reino de Deus, e, com toda a intrepidez, sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo’. (Atos 28:30-31). O Livra de Atos dos Apóstolos é concluído falando do Reino de Deus. E no Reino de Deus, o Rei é Jesus Cristo, que é o Senhor de tudo e de todas, tanto de vivos como de mortos. Jesus nos dá tudo. Jesus pode tirar tudo. Dos apóstolos de Jesus, com exceção de João, segundo a tradição todos os demais foram mortos por causa do Evangelho de Jesus Cristo. E Jesus disse para Pedro, que sua morte seria para glorificar a Deus (João 21:18).
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A Lei de Moisés exigia o pagamento dos dízimos do trigo, do vinho e do azeite (Deuteronômio 14:22,23). Mas aí os rabinos judeus começaram a exigir o dízimo também dos legumes, das frutas e das castanhas. O dízimo do coentro e do cominho aparecem na Mishnah, que exaltava a religião deles. Jesus aprovou o pagamento do dízimo, mas condenou os princípios da Lei, que são fundamento do Reino de Deus. Assim Jesus disse: “devíeis fazer estas coisas”, isto é, pagar o dízimo da hortelã, do endro e do cominho. “Sem omitir aquelas”, isto é, deixar de praticar a justiça, a misericórdia e a fé. Para Jesus o mais importante são os princípios do Reino de Deus. Quando o fariseu chegou até Jesus e lhe perguntou qual era o principal dos mandamentos, Jesus respondeu que era Amar a Deus de todo o teu coração e ao próximo como a si mesmo. O fariseu demonstrou que conhecia muito bem os mandamentos. Jesus lhe respondeu: “E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus”. (Marcos 12:34). Muitas pessoas estão dentro de igrejas, com conhecimento da letra bíblica, dos mandamentos, mas está fora do Reino de Deus.
7.POR QUE NA LEI NÃO FALA DE DINHEIRO NO DÍZIMO?
Os livros da Lei de Moisés, Êxodo, Levítico e Números foram escritos em 1.512 antes de Cristo, e Deuteronômio em 1.473 antes de Cristo. A introdução da moeda como dinheiro aconteceu no mundo entre 701 e 800 antes de Cristo. Assim o dinheiro foi inventado mais de mil anos depois da Lei de Moisés ser escrita. Praticava-se nesse tempo o escambo, isto é, simples troca de mercadoria por mercadoria, sem equivalência em moedas, que não existiam. Assim, quem pescasse mais peixes do que o necessário para si e família, trocava o excesso com milho por exemplo, que era excesso de quem o plantava.
Malaquias foi escrito em 443 antes de Cristo. O dinheiro foi introduzido em Israel entre 141-140 antes de Cristo, isto é, Israel veio a conhecer dinheiro em sua economia mas de 300 anos depois de concluído o Cânon do Antigo Testamento. Assim, a Bíblia não fala de dinheiro nos dízimos, pelo mesmo motivo que não fala de cigarro, televisão, celular.
E nos tempos de Jesus, quando Israel usava dinheiro, o dízimo era dado em dinheiro? Com a palavra o próprio Jesus: “Propôs também esta parábola a alguns que confiavam em si mesmos (...) O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens (...) nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.” (Lucas 18:9-14).
Fica evidente, que os judeus já nos tempos do Novo Testamento, também pagavam o dízimo sobre o que ganhavam em dinheiro.
8. CONCLUSÃO FINAL – MINHA OPINIÃO
Essa discussão interminável sobre pagar ou não pagar o dízimo, só demonstra que o povo de Deus, infelizmente, não tem o mínimo de entendimento sobre o Reino de Deus. Na Igreja em que pastoreio, tenho membros que não pagam o dízimo e nem dão ofertas. E nem por isso são cobrados, pressionados. São amados e tratados como os demais. Porque o dízimo, e as ofertas generosas (aquelas que até bem maiores do que a gente “poderia” dar) devem ser frutos de:
8.1. Um ato de adoração
8.2. Um ato de fé
8.3 Um ato de gratidão a Deus, reconhecendo que o Senhor é dono de tudo
8.4 Um ato de um coração comprometido em sustentar a Obra do Reino de Deus, por amor a Jesus Cristo, porque sei que sem dinheiro não se faz nada.
Ninguém deve pagar o dízimo para não ser amaldiçoado, porque isso, porque aquilo. Deus não precisa do seu dinheiro.
Eu, reconheço que ainda não estou pronto para dar tudo, então, dou dez por cento com amor e carinho e mais as ofertas generosas, que ultrapassam os dez por cento. Lembre-se: Eu não sou um pastor que tenha salário e seja sustentado pela Igreja, eu trabalho em empresas desde os 12 anos de idade e hoje sou contabilista, que atua na área fiscal e tributária (antes que alguém venha pensar que é fácil pagar o dízimo quem recebe muito dinheiro da igreja).
Minha convicção é tanta, que eu já disse e hoje escrevo aqui: Podem todos os cristãos do mundo todo deixarem de pagar o dizimo do Senhor. Enquanto eu estiver vivo, Deus terá um dizimista fiel: pastor Alberto. Não por obrigação, e nem ficar pesquisando no Novo Testamento se devo ou não. É a minha visão sobre o Reino de Deus, conforme Jesus explicou: “...porque eis que o reino de Deus está dentro de vós”. (Lucas 17:21b).
9.É ÚTIL FICAR NESSA LONGA DISCUSSÃO SOBRE O DÍZIMO E O SÁBADO?
Não quero mudar a opinião de ninguém, e nem provocar mais discussão inútil sobre isso, como a Bíblia no orienta:
“Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não tem utilidade e são fúteis”. (Tito 3:9).
O sábado como foi guardado pelo antigos judeus e como algumas igrejas hoje guardam, num terrorismo impraticável, onde a pessoa se torna escrava, cheia de medo, não participa de qualquer evento, que é considerada pecadora e até é punida, perdeu a visão e o propósito dados pelo Criador. Outros até afirmam que quem não guarda o sábado não será salvo. Isso é uma distorção terrível, porque o reino de Deus no trouxe a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas no Milênio, o sábado voltará a ser guardado, mas com a visão original e espiritual, porque Jesus Cristo que é Senhor também do sábado (Isaías 66:23), será adorado por todos. Aleluia!
Então segue a orientação apostólica: “Quem és tu que julgas o servo alheio? Para o seu próprio senhor está em pé ou cai; mas estará em pé, porque o Senhor é poderoso para o suster. Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graça a Deus”. (Romanos 14:4-6). Não julgue ou critique o seu irmão que pensa diferente.
A todos que não concordem comigo, eu respeito as suas opiniões. Espero ter ajudado alguém, especialmente aos que estão confusos com tantos debates sobre esses temas. Eles não têm fim.
O mais importante: é a visão é o Reino de Deus. Procurem estudar e conhecer mais sobre o Reino de Deus.
A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos.
Pastor Alberto - Brasil